Existiu há muitos anos
atrás uma menina. Seu nome era Mary Jones. Ela morava numa pequena vila do País
de Gales chamada Llan.
Seus pais eram muito pobres e não sabiam ler bem. Eles e Mary moravam numa casa
muito simples.
Nossa história começa em 1792. Mary tinha então oito anos de idade. Como não
havia escola perto da vila de Llan, Mary ainda não sabia ler. Sua maior vontade
era possuir uma Bíblia. Mas além de não saber ler, naquele tempo, as Bíblias
eram caras e difíceis de conseguir.
Mary tinha bastante fé. Por isso esperava um dia aprender a ler e ter a sua
Bíblia.
O tempo passou. Mary já tinha dez anos de idade. Mas como ela iria aprender a
ler? E onde iria arranjar o dinheiro para comprar a Bíblia? Até esse tempo
nenhuma escola for aberta nas vizinhanças.
Um dia o pai de Mary foi à vila de Aber, distante três quilômetros, para vender
os seus tecidos. Voltou muito alegre. Ele conseguira vender todos os tecidos.
Mas a alegria maior foi à notícia que iriam abrir uma escola em Aber. Mary e os
seus pais ficaram muito contentes.
Mary realmente foi para a escola. Logo ela se tornou amiga de todos os colegas.
E era tão estudiosa que ganhou o primeiro lugar.
O professor de Mary chamava-se João. Ele gostava muito de Mary. Um dia ele
falou aos alunos que ia dar início a uma Escola Dominical. Nem é preciso dizer
que Mary começou a freqüentar a Escola Dominical.
Dois anos antes uma conhecida de Mary lhe tinha feito uma promessa. Era D.
Joana, a fazendeira. Ela prometeu deixar Mary ler a sua bíblia. Agora Mary já
sabia ler. E todo o sábado à tarde ia à casa de D. Joana ler a Bíblia e
preparar com ela a lição da Escola Dominical. E para ir lá andava três quilômetros
a pé. Ela gastava uma hora na ida e na volta. Poderia estudar também durante
este tempo, se tivesse a sua própria Bíblia.
Por isso Mary resolveu trabalhar e economizar par ter a sua Bíblia. Seria
difícil, mas não era impossível. Aí se lembrou das palavras que Deus disse a
Josué: “Sê forte e corajoso”.
Várias pessoas e coisas ajudaram. Mary a ganhar e a economizar dinheiro. Uma
dessas coisas foi a sua decisão de criar abelhas. Ela também recebia pequenas
gorjetas por ajudar pessoas mais velhas a recolher lenha na mata. D. Joana lhe
deu também de presente um galo e duas galinhas. Com isso poderia ter ovos para
vender. Mary cuidava das crianças das vizinhas e em troca recebia pequenas
moedas. Assim Mary ia ajuntando as suas moedas num cofre.
O verão daquele ano foi muito alegre. Mary tinha a certeza que conseguiria logo
a sua Bíblia. Então ela resolveu abrir o cofre para contar o dinheiro, quando
completou um ano. Foi um momento muito emocionante. Mas pela primeira vez ficou
triste. Conseguira ajuntar apenas uma pequena quantia: menos de um xelim. Era
muito pouco!
Mas a mãe encorajou a Mary. Ela disse-lhe que no ano seguinte Mary conseguiria
melhores resultados. Antes de deitar-se naquela noite, orou a Deus. E assim lhe
voltou à confiança.
Deus respondeu logo a oração de Mary. No dia seguinte, na escola, seu professor
perguntou-lhe se ela conhecia alguém que pudesse fazer umas costuras para a
esposa dele. Era a nova oportunidade de que Mary precisava para ganhar mais
dinheiro. Mary agora tinha onze anos de idade.
Assim se passou aquele ano. Ao completar-se o segundo ano, Mary sentou-se com
seus pais ao redor da mesa. Ela ia contar o dinheiro que estava no cofre. A
soma total deu dois xelins e meio. Mary mais uma vez bateu palmas de alegria.
Mas no inverno o pai de Mary ficou doente. Por isso ela teve de fazer parte do
trabalho do pai. Além do mais começou a ir mal à escola. Agora era a última da
classe. Naquele ano as economias do cofre de Mary aumentaram só um pouquinho.
Mary tinha agora quinze anos. Mas ela não desanimou. Seu pai, por fim, ficou
bom e ela conseguiu recuperar-se na escola.
Meses depois ela foi entregar umas costuras que fizera para D. Joana, a
fazendeira. D. Joana pagou-lhe em dobro. Enfim com aquele dinheiro Mary
completou a quantia que dava para comprar a Bíblia.
Agora tinha o dinheiro. Mas onde conseguiria a Bíblia? Ela foi procurar o
pastor da Igreja. Ele lhe disse que não havia nenhuma Bíblia ali e nas
vizinhanças. Então o pastor falou a Mary sobre o Rev. Tomás Charles, que morava
na cidade de Bala. Ele sempre conseguia Bíblias para as pessoas interessadas.
Mas a cidade de Bala ficava a quarenta quilômetros distante dali. Mary
retirou-se desanimada.
No caminho encontrou-se com o Se. Luís, um de seus antigos professores. O Sr.
Luís aconselhou Mary a ir à cidade de Bala. Ele mesmo tinha conseguido a sua
Bíblia lá com o Rev. Tomás Charles. Mary ficou animada outra vez.
Dali foi correndo para casa. Depois de alguns conselhos, os pais deixaram que
Mary fosse sozinha à cidade de Bala. A viagem foi longa e difícil. Mas Mary
chegou até a casa do Rev. Tomás Charles.
Outra triste surpresa para Mary. As únicas Bíblias que o Rev. Tomás Charles
tinha já estavam encomendadas por outras pessoas. Mary chorou baixinho.
Então Mary disse ao Rev. Tomás Charles que trabalhou e economizou durante seis
anos. Tomou conta de crianças. Fez costuras para as vizinhanças. Apanhou lenha
para pessoas velhas. Vendeu ovos de suas galinhas. A história de Mary comoveu o
Rev. Tomás Charles. Ele foi ao armário e tirou dele uma Bíblia para Mary. Ela
fizera tudo para chegar aquele dia e ele chegou. A alegria foi muito grande.
Mary não sabia que o seu esforço iria fazer com que fosse fundada uma grande
sociedade. O Rev. Tomás Charles contou a história de Mary aos diretores da
Sociedade de Folhetos Religiosos. A história de Mary impressionou profundamente
aqueles diretores. Todos sentiram que se deveria fundar uma sociedade para
imprimir e distribuir Bíblias para o mundo inteiro. Assim no dia 7 de Dezembro
de 1802 fundou-se a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.
A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira já não é a única Sociedade Bíblica
do mundo. Outras grandes sociedades foram fundadas depois; para ajudar a obra
de impressão e distribuição de Bíblias em todas as línguas: em 1814 a Sociedade
Bíblica da Holanda; em 1816 a Sociedade Bíblica Americana; em 1826 a Sociedade
Bíblica Nacional da Escócia; em 1831 a Sociedade Bíblica Trinitariana em
Londres; e em 10 de Junho de 1948 a Sociedade Bíblica do Brasil.
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