Um espaço envidraçado em que se expõe algo para
apreciação e venda. Esta é uma definição básica acerca do termo francês,
conhecido em nosso meio, também com a variação vitrina.
É um espaço
privilegiado; preparado para impressionar. Há, inclusive, formação específica
para os responsáveis por essa área, cujo objetivo é o de causar impacto;
convencendo o observador (ou admirador) à aquisição do que é exposto. A
atividade de designer de vitrines (vitrinista) foi incluída na
classificação brasileira de ocupações, do ministério do trabalho, em 2002. Uma
pesquisa revelou que mais de 70% das compras em lojas são motivadas pela
vitrine. E como todo comerciante quer vender, o trabalho de vitrinista está
ganhando mercado.
Pois bem, expor da melhor forma possível, sem revelar os
defeitos, ou possíveis razões de sua inutilidade; levando o observador a pagar
o preço proposto. Isto ilustra bem como age o ser humano movido pelo orgulho.
Todo ser humano naturalmente busca expor sua vida da melhor forma possível para
que seja alvo de admiração. Isso funciona mesmo para os “rebeldes”; pois,
querem vender a imagem da diferença motivada por certa capacidade incomum de
ver, sentir e interpretar a vida. Todo rebelde quer provar que há razão
convincente para sua rebeldia; mesmo que seja somente o prazer; ou mesmo o não
necessitar de razões para fazê-lo.
Funciona assim: Você é o vitrinista. E arruma sua vida (a
imagem que quer passar) na vitrine, da melhor maneira possível. Com o objetivo
de ser contemplado, apreciado e adquirido, cuida para que as imperfeições e os
males sejam camuflados. O objetivo é o de levar a aquisição. O medo é o de não
ser interessante; logo, o de empacar, isto é, não vender. Afinal, o produto
exposto na vitrine que não motiva à compra, é retirado, devolvido, ou vendido
em liquidação, como algo de pouco interesse.
Este é o medo de todos! Expor sua pessoa (identidade, jeito,
costume, ideias, princípios, etc) na vitrine, e ser rejeitado. Isto leva alguns
a expor a si mesmo de maneira enganosa, sugerindo mais do que realmente podem
oferecer; como se diz no jargão: vendendo gato por lebre. Vale tudo para não
ter o orgulho ferido. Este medo leva outros a expor sua pessoa na vitrine de
outra forma, sugerindo a discrição, ou mesmo a timidez; tudo pelo medo da
rejeição. Nesses casos, muitos são enganados; pois, são atraídos por perfis que
indicam simplicidade ou mesmo humildade; sem perceber que estão levando pura
manifestação orgulhosa, de quem tem medo de ser rejeitado ou vendido em
liquidação, como alguém desinteressante.
Enfim, fazem da vida uma
vitrine. Entendendo que nela não se expõe a realidade; mas aquilo que se deseja
vender. E, fazem de si mesmo um vitrinista; preocupado em ser bem sucedido –
não vender a realidade, mas aquilo que interessa aos outros. Não se vende o
produto, mas sua sugestão aplicada à vida do comprador. Por isso, tanto
sofrimento nos relacionamentos. Alguém quer um amigo. Procura nas vitrines e se
interessa por aquele que lhe traz mais benefícios; preferencialmente, o que não
lhe trará problemas. Compra a ideia, assumindo relacionamento; e, em algum
tempo depois, descobre a verdade. Decepção. Isso acontece de pessoa para
pessoa; de pessoa para instituição, incluindo a igreja local; de pessoa para
Deus, considerando as versões pessoais de Deus anunciadas. Peca quem vende; peca quem compra.
Segundo o Evangelho a
imagem que devemos expor na vitrine é a de alguém humilde, no sentido de que é
submisso a Jesus Cristo; este sim, Senhor do universo e de nossa própria vida.
Quando o que é exposto é movido pela humildade, rompe-se a necessidade e a
tendência de aprovação a todo custo; e cria-se a disposição de revelar o
Senhor, aquele que deve receber toda adoração. É isto o que o apóstolo Paulo
disse aos gálatas: “Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de
Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (2.20).
O que você tem exposto na vitrine?
Fonte : prwagner.wordpress.com
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