Porque pessoas nascidas no mesmo dia e horário têm
temperamentos e destinos diferentes
Esaú e Jacó é um caso bíblico e típico de gêmeos que tiveram temperamentos e
destinos completamente distintos. Segundo os ensinamentos apregoados pela
astrologia, suas vidas teriam de ser ao menos muito mais semelhantes do que
foram. De fato, se existe uma prova bíblica da futilidade das afirmações
astrológicas, esta prova é a vida destes dois irmãos.
Em primeiro plano, seus temperamentos eram evidentemente distintos, para não
dizer opostos: “E cresceram os meninos, e Esaú foi homem perito na caça, homem
do campo; mas Jacó era homem simples, habitando em tendas” (Gn 25.27).
Percebemos logo em Jacó um comportamento mais brando, caseiro, sedentário. No
caso de Esaú, porém, ele é enérgico, aventureiro. Mais tarde, iria viver de
ataques contra as caravanas no deserto (Gn 27.39,40).
Em segundo plano, vemos atitudes diferentes dos dois irmãos, as quais vão
determinar destinos diferentes. Enquanto Esaú não mostrou qualquer interesse
por aquilo que era seu de direito (Gn 25.32), Jacó fez de tudo para conseguir,
inclusive enganar seu pai (Gn 27.6-29). O Novo Testamento mostra claramente que
o coração de Esaú era bem diferente do de Jacó (Hb 12.16,17).
E, por fim, eles tiveram destinos bem diferentes, que não foi determinado de
forma alguma pelo dia ou ano de seu nascimento, visto serem praticamente
idênticos. Suas vidas foram um resultado de suas decisões e da ação de Deus
nelas. Foram as bênçãos de Deus ou a ausência das mesmas que causaram os
respectivos resultados. Nada no espaço interferiu nas vidas de Esaú e Jacó e em
seus destinos.
Além do exemplo bíblico, há um contemporâneo bastante significativo. Foi
realizada uma pesquisa, na década de 50, com mais de dois mil bebês nascidos
quase simultaneamente em um mesmo dia do mês de março, na cidade de Londres.
Como o mapa astral das pessoas é baseado na hora e lugar do nascimento, os
cientistas monitoraram esses bebês durante 45 anos na tentativa de identificar
as características semelhantes entre eles na vida adulta. Mas não encontraram
nenhuma semelhança no destino dos bebês, chamados de “gêmeos de tempo”. Também
compararam mais de 100 características pessoais, como, por exemplo, agressividade,
ansiedade, habilidade nos esportes e nas artes, desempenho nos estudos, etc., e
fizeram testes de inteligência. Não descobriram nada parecido entre eles. A
única conclusão a que puderam chegar foi que a astrologia é uma inutilidade.
Portanto, seja a Bíblia, sejam as pesquisas modernas, o que se pode concluir é
que, na prática, as previsões astrológicas não oferecem qualquer evidência
empírica. Muito pelo contrário, é evidente que o que menos influencia a vida e
o destino de uma pessoa é o momento do seu nascimento. É uma explicação
inválida para a vida humana e incapaz de apresentar qualquer sentido coerente
para isto.
Porque a nossa vida é determinada por nossas escolhas e não pela
impessoalidade dos astros
“Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho
proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que
vivas, tu e a tua descendência” (Dt 30.19; grifo nosso).
“Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra” (Is 1.19; grifo
nosso).
“Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem” (Is
7.15; grifo nosso).
“E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede,
venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” (Ap 22.17; grifo nosso).
O livre-arbítrio foi o grande presente de Deus ao homem, que o tem tornado
distinto das demais criaturas. O homem tem a possibilidade de refletir sobre
sua situação e, mediante sua razão, tomar decisões. Seu destino é a colheita de
sua própria semeadura (Os 8.7; Gl 6.7,8) e não a conseqüência cega do dia, mês
e ano em que nasceu. O futuro do ser humano não pode ficar atrelado às
estrelas. Isto não seria justo. Só pode ficar atrelado às suas próprias
decisões nesta vida. Não é nada consolador dizer a alguém que sofre por causa
de uma tragédia que isto era inevitável porque já estava determinado em seu
nascimento.
Não se pode negar que se as proposições da astrologia forem levada a sério o
homem é um mero escravo de um determinismo planetário. Seu destino e ser estão
escritos nas estrelas. Assim como não pode mudar as leis fixas das estrelas (Jr
31.35), também não pode mudar essas conseqüências em sua vida. Quando os
astrólogos tentam desculpar-se, dizendo que a astrologia é apenas uma
influência, então nos perguntamos em que ela pode ser útil. O ser humano já é
cercado, por dentro e por fora, por coisas que influenciam suas atitudes.
Temperamento, personalidade, educação, meio ambiente, contexto social, etc.
Todas, embora o influenciem, não são determinantes. Esperam uma resposta de sua
parte. Achar que, além dessas influências todas, nos resta alguma na disposição
dos planetas, é apoiar-se em algo não só improvável, mas impossível.
Mais um detalhe: Se eu posso me desviar do mal (Jó 1.1; Pv 22.3), então não cairei
nele. Não posso aceitar que só porque nasci em tal data estou definitivamente
fadado a sofrer algo ou mesmo a obter algo. Este pensamento fatalista é deveras
ruim para a vida do homem sobre a terra.
Porque o sustentáculo da astrologia é o comércio, não a verdade
“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males”, escreveu o
apóstolo Paulo ao seu discípulo Timóteo (1Tm 6.10). E, na verdade, muitos tipos
de erros e enganos são sustentados pelo mercado, independente de sua
veracidade. As máquinas de propaganda constantemente fazem as pessoas comprarem
um produto que não precisam por um preço que não podem pagar. Esta é a sua
missão.
Com a astrologia não é diferente. Sua popularidade não é proporcional à sua
utilidade ou veracidade, mas à publicidade que a promove e ao lucro que resulta
disso. A ajuda que ela oferece às pessoas, seja psicológica ou real, é “zero”.
As bases para suas afirmações são excessivamente frágeis. As pessoas que lêem e
consultam horóscopos e astrólogos dificilmente encontram apoio sólido para suas
decisões. Alguém já disse: “A falácia que me alegra é preferível à verdade que
me entristeça”. As pessoas preferem ser consoladas pela ilusão a ser
confrontadas com a realidade. Mas os valores movimentados por este segmento são
altos o suficiente para mantê-lo vivo.
Existe uma miríade de publicações periódicas especializadas no assunto. Sem
falar que todo jornal ou revista que se preze, independente do assunto que
aborde, traz sua seção de astrologia. Isto quando não vemos os mais diversos
assuntos abordados de um ponto de vista astrológico. Além disso, há livros,
cursos e outros materiais, o que faz que o ramo se “profissionalize” cada vez
mais. O preço de um mapa astral atualmente varia em torno de R$ 30,00 a R$
600,00, aproximadamente. E a procura cresce a cada dia.
Embora qualquer pessoa séria perceba o engano por trás dessa crença, a aura de
misticismo que a envolve, aliada a uma propaganda maciça, transforma fumaça em
castelos sobre a rocha. Acaba se tornando um hobby, um hábito que será
praticado mesmo sem convicção, quase automaticamente. Já dizia Goebbels, chefe
do Departamento de Propaganda de Hitler, que “vinte e cinco mentiras valem por
uma verdade”. A máxima não pronunciada de que “se é popular, então é verdadeiro”
é que prevalece.
Se um jornal tirasse a seção de economia de suas páginas, causaria menos
polêmica do que se tirasse a seção de astrologia. Mesmo que a astrologia do
jornal não passe de alguns conselhos “interessantes” emitidos por um jornalista
qualquer, algumas pessoas se tornam tão viciadas que não saem de casa sem
lê-los. Para o jornal ou revista, é uma questão econômica e não espiritual. A
única questão envolvida é a do retorno financeiro. (Uma jornalista que
trabalhava para um grande diário confessou, certa vez, que quando ficou
encarregada da seção de astrologia misturava “previsões” de edições antigas e
as liberava para publicação).
Basta ler alguns dos horóscopos que circulam nos periódicos, mesmo nos
especializados, para perceber que não passam de conselhos e possibilidades que
se encaixam com qualquer pessoa, em qualquer lugar sobre a terra. Nada há de
exato e extraordinário. Mas não cessarão. A máquina econômica é muito lucrativa
para que a deixem morrer.
Porque as afirmações da astrologia são arbitrárias
Por exemplo, Roy Gillet, presidente de uma das maiores associações de
astrólogos do Reino Unido, fez a seguinte observação política sobre W. Bush,
presidente dos EUA, e Tony Blair, primeiro-ministro inglês: “Descobri que o
Blair tem a Lua em Aquário, coisa de gente muito fechada, auto-suficiente. Ele
e o Bush têm o Sol em Câncer, por isso são tão amigos e não dão satisfação a
ninguém. Fazem sempre o contrário do que o mundo inteiro espera deles”.
Por que “ter a Lua em Aquário” faz alguém ser fechado? Não poderia fazer a
pessoa ser concentrada, ou analítica, ou extrovertida, ou alegre, por exemplo?
Por que o fato de ambos terem “o Sol em Câncer” os faz amigos? De onde vem o
conhecimento de que tal posição dos astros indica tal atitude nas pessoas? É
algum tipo de lei da natureza? São leis universais aceitas por todos os
astrólogos de todas as épocas em todos os lugares? Essas leis podem ser
comprovadas? Ou são meros produtos da opinião dos astrólogos?
As leis astronômicas foram descobertas pelos astrônomos. As leis astrológicas
foram inventadas pelos astrólogos. Não existem lógicas em suas deduções. Não
existem princípios que possam ser extraídos e aplicados infalivelmente em
qualquer tempo e lugar. Tudo o que é dito a respeito de uma interpretação
astrológica é dito arbitrariamente, segundo a criatividade e opinião do
astrólogo. O significado dos astros não é extraído por algum processo lógico,
mas, sim, atribuído pelos astrólogos conforme a “fertilidade” de sua
imaginação.
Por Eguinaldo Hélio
Fonte: www.icp.com.br
Notas:
COSTA, Jefferson Magno. Porque Deus condena o espiritismo. CPAD, 1987.
VAN FEU, Eddie. Wicca.Editora Escala, 2003.
Enciclopédia Britânica. Verbete Astrologia Vol 2, Edição de 1967.
Revista Superinteressante, nº 10, ano 2, out/1988.
KELLY, I.W. Modern Astrology: a critique, p. 931.
http://www.cetico.hpg.ig.com.br/astrologia.html.