Hermes C. Fernandes
Uma das profissões que mais atraem psicopatas é a
de pastor. Pelo menos, segundo os estudos do psicólogo Kevin Dutton, autor do
livro “A Sabedoria dos Psicopadas: O que santos, espiões e assassinos em série
podem nos ensinar sobre o sucesso”. Dutton conta que psicopatas nem sempre são
pessoas conturbadas como muitos acreditam. “Quando psicólogos falam sobre o
termo psicopatia, eles se referem às pessoas que têm um conjunto distinto de
características de personalidade, que incluem itens como destemor, crueldade,
capacidade de persuasão e falta de consciência e empatia”.
Geralmente, os psicopatas são dotados de charme,
simpatia, carisma, capazes de impressionar e cativar qualquer pessoa com
invejável destreza. Ninguém imagina que por trás de seu jeito educado,
inofensivo e gentil se esconde alguém desprovido de consciência, capaz de
atitudes cruéis e desumanas.
Um pastor psicopata assume uma personagem
performática quando sobe ao púlpito. É capaz de encenar os papéis mais
dramáticos como se estivesse num teatro. Em questão de segundos, transita entre
a tragédia e a comédia, provocando lágrimas e gargalhadas com a mesma
desenvoltura. Mas tudo não passa de fachada para disfarçar sua astúcia.
Não se trata de um louco varrido, mas de alguém que
vive na fronteira entre a sanidade e a loucura, mas sem perder o controle.
Suas maiores habilidades são mentir, enganar,
ludibriar, trair, sem sequer sentir-se culpado ou envergonhado. Trapaceiam,
difamam, traem, abusam de autoridade, roubam, e sentem-se confortáveis com
isso. A única coisa que não admitem é serem desmascarados. Não pela vergonha
que passariam, mas porque isso os impediria de continuar enganando.
Cinicamente, se aproveitam da dor alheia para se
locupletar. São verdadeiros predadores soltos na
sociedade à procura de pessoas vulneráveis que
caiam em sua lábia.
Psicopatas gostam de ser o centro das atenções. Por
isso, sempre buscam oportunidade para roubar a cena. Querem estar em evidência
a qualquer custo. Ainda que isso custe o sofrimento de outros.
Algumas das principais características do psicopata
são:
1 – Carisma : Tem facilidade em lidar com as
palavras e convencer pessoas vulneráveis. Por isso, torna-se líder com
frequência. Seja na política, na igreja, no trabalho ou até na cadeia.
2 – Inteligência : O QI costuma ser maior que o da
média: alguns conseguem passar por médico ou advogado sem nunca ter acabado
estudado para isso.
3 – Ausência de culpa : Não se arrepende nem tem
dor na consciência. É mestre em botar a culpa nos outros por qualquer coisa.
Tem certeza que nunca erra.
4 – Vanglória: Vive com a cabeça nas nuvens. Mesmo
que a sua situação seja de total miséria, ele só fala de suas supostas glórias.
É do tipo que come sardinha e arrota caviar.
5 – Habilidade para mentir : Não vê diferença entre
sinceridade e falsidade. É capaz de contar qualquer lorota como se fosse a
verdade mais cristalina. Algumas vezes acredita em sua própria mentira.
6 – Egoísmo : Faz suas próprias leis. Não entende o
que significa “bem comum”. Se estiver tudo bem para ele, não interessa como
está o resto do mundo.
7 – Frieza : Não reage com sinceridade ao ver
alguém chorando ou sofrendo.
8 – Parasitismo : Quando consegue a amizade de
alguém, suga até a medula.
Infelizmente, algumas destas características têm
sido fartamente encontradas em líderes religiosos, vitimando milhares de
pessoas com suas artimanhas.
Os pastores psicopatas se apresentam como líderes
atenciosos, polidos, cheios de amor, porém, sua intenção é a pior possível. Por
fora, sempre impecavelmente vestidos, beirando ao narcisismo. Por dentro, um
trapo imundo. Por trás de seu carisma sedutor, um mentiroso contumaz, um
manipulador calculista. Sempre agem prevendo a reação de quem pretendem vitimar.
Para eles, a vida não passa de um tabuleiro de xadrez. Se alguém se puser em
seu caminho, passam como rolo compressor, sem dó nem piedade.
Quem os vê chorar em suas performances de púlpito,
não imaginam o ser frio que se esconde por trás daquela capa. Se flagrados,
jogam com as palavras e os gestos para tentar inverter o jogo a seu favor.
Sabem como se passar de vítima sem deixar rastro. Estão sempre cercados de
cúmplices que se deixam ludibriar por seus convincentes argumentos, sendo
capazes de colocar sua mão no fogo por seus líderes.
Cerque-se de todos os cuidados necessários. E não
seja negligente com a sua família e aqueles a quem você ama. Todos podem estar
correndo perigo. Ninguém jamais imaginou que Jim Jones fosse um psicopata que
levaria mais de 900 fiéis ao suicídio de uma só vez. Portanto, antes de
submeter-se a uma liderança, verifique seu histórico. Veja se tem o respaldo de
sua família. Se não é adepto do emocionalismo barato e manipulador.
Uma palavra aos líderes: seja prudente e não se
precipite em ordenar alguém ao ministério. Observe-o exaustivamente. Verifique
sua conduta em casa e fora da igreja. Cuidado para não colocar uma bomba
relógio em posição de liderança na igreja. As estatísticas dizem que um em cada
25 brasileiros se enquadra neste perfil psicológico. Então, não custa nada
redobrar a vigilância.
Aviso aos pais: adolescentes são sempre mais
vulneráveis a este tipo de liderança extremamente carismática, mas sem
escrúpulo e compromisso com a ética. Procure saber a quem seus filhos estão
seguindo. Há casos em que pastores jogam os filhos contra os pais, exigindo
deles absoluta obediência.
Não seja cúmplice de um pastor psicopata. Se
verdadeiramente se importar com ele e seu séquito, tente convencê-lo a buscar
ajuda psicológica. Se ele se recusar, denuncie-o. Antes que seja tarde
demais...